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Oswaldo Gusmão (participação Nina Wirtti) - O vôo da mosca

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(Oswaldo Gusmão - Jacob do Bandolim)

Meu vôo é rasteiro
Pouso nos canteiros
E nos meios-fios
Dou rasante, paro, volto e desvio
Farejando tudo que se deteriora
Resto de comida que jogaram fora
Dentro de sacola de supermercado
Gosto de papel de picolé melado
Casca de laranja, requeijão mofado
Bicho atropelado

Eu sobrevôo o lixo
Espalhado perto do canal do mangue
Busco nas favelas as poças de sangue
Me atrai o líquido fermentadíssimo
Que vaza do caminhão da Comlurb e os
Canais a céu aberto nos subúrbios
Pelo asfalto em final de feira
Passo com as minhas companheiras
Procurando o que sobrou

Também eu aprecio
Alimentos caros que vocês humanos
Deixam protegidos debaixo de panos
Doce de abóbora e ambrosia
Aterrizo em balcão de padaria
E se um grã-fino organiza festa
Entro de penetra por alguma fresta
Pra pousar na sopa sobre a baixela
Que o mordomo traz
E sei perfeitamente
Onde a preguiça põe sua semente
Pela pasmaceira de uma tarde quente
De depois do almoço nos interiores
Quando vejo um caboclo adormecido
Rodopio ao redor do seu ouvido
Para avisá-lo com o meu zumbido
Que já terminaram a sua moleza e a sua paz

II

Eu vivo onde o mato
Verde e ameno
Já ficou escasso
Para dar espaço
A algum terreno
Onde os indivíduos
Jogam os resíduos
Que não servem mais
E já não se escuta a canção serena
Vinda das cigarras e dos sabiás
Agora só os ratos e alguns mosquitos
Rondam os detritos
Dentro dos latões
Ali onde as correntes
Dos regatos límpidos e transparentes
Recebendo água suja das moradas
Adquirem cores
E aroma de poluição fatal
Pois onde acaba a selva
Há uma clareira
Cheia de sujeira
E isso é sinal
Que nós agora estamos nos aproximando
De alguma câmara municipal

I

Meu vôo é rasteiro
Pouso nos canteiros
E nos meios-fios
Dou rasante, paro, volto e desvio
Farejando tudo que se deteriora
Resto de comida que jogaram fora
Dentro de sacola de supermercado
Gosto de papel de picolé melado
Casca de laranja, requeijão mofado
Bicho atropelado
Eu sobrevôo o lixo
Espalhado perto do canal do mangue
Busco nas favelas as poças de sangue
Me atrai o líquido fermentadíssimo
Que vaza do caminhão da Comlurb e os
Canais a céu aberto nos subúrbios
Pelo asfalto em final de feira
Passo com as minhas companheiras
Procurando o que sobrou

.III

Eu não conheço o vôo alto dos condores
Nem o céu tranqüilo dos aviadores
Nada sei do azul com pôr-do-sol dourado
Nunca fui no píncaro mais elevado
Não almejo o firmamento das quimeras
No ar rarefeito das estratosferas
Minha liberdade
Mora onde o sonho da felicidade
Derramou no chão
Jamais irei subindo até os confins
Pra conhecer o Éden e os seus jardins
Onde ressoam cítaras de querubins
E nem me interessa o paraíso etéreo
Pois a morte para mim não tem mistério
Já conheço tudo que é cemitério
Vejo além de tempo e espaço
Pois conheço passo-a-passo
A decomposição

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15 декабря 2017 г. 15:31:57
00:04:05
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