Cisma de Caboclo - Anísio e Paulo Vitor

Cisma de caboclo

Um dia abri a janela
Olhei o céu só pra contemplar
Quis ver o romper da aurora
É chegada a hora de clarear
O sol acordou mais quente
Chamando a gente pra trabalhar
Peguei no cabo da enxada
E fui pro mato a roça plantar

Arroz, melão, macaxeira
E na ribanceira cana e feijão
Semeei milho pipoca
Perto da loca do ribeirão
Semente de gergelim
Também mudubim eu plantei no chão
Aqui eu finquei a vida
Descanso e lida do meu sertão

Ah! Vida de caboclo
É cuidar da terra
É arrancar toco
E não fazer guerra
É viver em paz
Com a mãe natureza
Ah! Vida de matuto é desse jeito
Eu sou um caipira e bato no peito
Toco viola e também tristeza

Um dia abri a porteira
E sai pra fora do meu lugar
Fui ver a cidade grande
Tinha vontade de conquistar
Deixei a minha mãezinha e meu pai
Chorando na estação
Paguei o preço do salto
Sonhando alto
Acordei no chão

Debaixo de um viaduto
Comendo um fruto que não colhi
Ali correndo perigo
Sem um amigo
Eu decidi
Vou voltar pro meu ranchinho
Segui o caminho
E aqui cheguei
Não deixo mais minha terra
Matuto erra só uma vez

Ah! Vida de caboclo
É cuidar da terra
É arrancar toco
E não fazer guerra
É viver em paz
Com a mãe natureza
Ah! Vida de matuto é desse jeito
Eu sou um caipira e bato no peito
Toco viola e também tristeza

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