ELIS & TOM_Um Encontro Antológico!_COMPLETO

Todo disco tem uma história. Mas alguns viram lendas e agora você está diante de uma lenda. Elis & Tom é um disco histórico, lançado em 1974 pela gravadora Polygram, com gravações realizadas no MGM Studios de Los Angeles, Califórnia. A possibilidade de gravar um disco com Tom Jobim foi um presente para Elis Regina, por seus dez anos de contrato com o selo Philips. Mas nada deu certo nos primeiros dias! Tom não disfarçou seu mal estar com o uso do piano elétrico programado, enquanto Elis defendia os seus músicos, o talentosíssimo Cesar Camargo Mariano (pianista e então seu marido) à frente, a favor das novas tecnologias. Tom implicava. Descompasso e nada de química... E quem era Tom Jobim naqueles dias de 1974? Tom já havia galgado prestígio como um dos criadores e principais músicos da bossa nova. Conquistara carreira internacional, gravado até por Sinatra. Compôs para o premiado disco Getz/Gilberto, de 1964, detentor de 3 Grammy Awards. Sua "Garota de Ipanema" ganhara o mundo, num doce balanço... E Elis Regina, quem era naquele momento? Elis era uma boa cantora surgida na popularidade dos programas de TV, com passagem marcante em festivais da canção dos anos 60. Quem não lembra de sua performance em “Arrastão”? Para a Polygram/Philips, o disco seria interessante para somar prestígio à popularidade de Elis, assim como para trazer mais público nacional para Tom, que até já vivia há algum tempo nos Estados Unidos. Depois de muito questionamento do tipo “Quem ela pensa que é? Maria Callas, Aretha Franklin?” e “Quem ele pensa que é? Bach, Beethoven?”, o disco começou a fluir. O maestro diria mais tarde que aquela modernidade o assustara. Roberto Menescal, diretor artístico à época, perguntou à cantora: 'Mas, Elis, esse tempo todo não saiu nada?' 'É...', ela disse. Elis criticou o maestro, dizendo que fazia tipo e que era chato. Mas ao final desta longa conversa entre amigos, capitulou e mandou essa: 'Estou louca pra chegar no Brasil e te mostrar. Todas as faixas estão lindas!”. No MGM Studios, o arranjo de Mariano para "Corcovado" ajudou a serenar os ânimos. O disco é o encontro antológico de dois dos maiores nomes da MPB, e os arranjos da grife de César Camargo Mariano compõem a moldura perfeita desse momento. "Modinha" foi o único arranjo de Tom no disco. Elis, de uma forma contida e suave, interpreta diversos clássicos da bossa, como "Águas de Março" (o maior sucesso do disco), "Corcovado" e "Inútil Paisagem". Em três faixas ("Águas de março", "Soneto de separação" e "Chovendo na roseira"), Tom dividiu os vocais com ela. Os críticos consideram que Elis conseguiu "sutilezas interpretativas impressionantes" no disco. “Águas de Março” em dueto, foi apontada como a 2ª maior canção de todo o cancioneiro brasileiro. Elis & Tom foi um sucesso de vendas e de crítica, e continua sendo aclamado até hoje. Nos 30 anos do disco, em 2004, com supervisão de Cesar Camargo Mariano, houve um relançamento especial da Trama em CD e DVD-Áudio 5.1. Em 2007, através da Rolling Stone, foi escolhido por jornalistas e críticos musicais como o 11º melhor disco da música brasileira. Em 2008, foi colocado na lista indispensável de álbuns do livro “1,000 Recordings to Hear Before You Die”, do crítico americano Tom Moon. Para o Estadão, o disco reunia "o mais musical dos compositores brasileiros e, tecnicamente, a mais bem dotada das nossas intérpretes, em qualquer época”. Elis Regina não retornaria ao gênero nos anos seguintes, mas continuou cantando algumas canções do disco em sua carreira. Elis & Tom foi mais do que a visita de uma grande cantora à obra de um grande criador de música. Foi pau, foi pedra, promessa de vida e um lindo caminho. Sem fim.
MÚSICAS DO DISCO: 00:00:00 Águas de Março (Tom Jobim) / 00:03:37 Pois é (Tom Jobim/Chico Buarque) / 00:05:24 Só Tinha de Ser com Você (Tom Jobim/Aloysio de Oliveira) / 00:09:50 Modinha (Tom Jobim/Vinicius de Moraes) / 00:12:10 Triste (Tom Jobim) / 00:15:20 Corcovado (Tom Jobim) / 00:19:36 O Que Tinha de Ser (Tom Jobim/Vinicius de Moraes) / 00:21:21 Retrato em Branco e Preto (Tom Jobim/Chico Buarque) / 00:24:25 Brigas, Nunca Mais (Tom Jobim/Vinicius de Moraes) / 00:26:35 Por toda a Minha Vida (Tom Jobim/Vinicius de Moraes) / 00:28:50 Fotografia (Tom Jobim) / 00:32:12 Soneto de Separação (Tom Jobim/Vinicius de Moraes) / 00:34:32 Chovendo na Roseira (Tom Jobim) / 00:38:02 Inútil Paisagem (Tom Jobim/Aloysio de Oliveira)
MÚSICOS PARTICIPANTES: Antonio Carlos Jobim - piano, vocal, violão, arranjo (na faixa 4)/Elis Regina – vocal/César Camargo Mariano - piano elétrico, piano e arranjos/Hélio Delmiro - guitarra elétrica, violão/Oscar Castro-Neves – violão/Luizão Maia – baixo/Paulo Braga – bateria/Chico Batera – percussão/Bill Hitchcock – regência/Hubert Laws e Jerome Richardson – flautas/Cordas – diversos/Aloysio de Oliveira – produção

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