A arte da regência musical - Riccardo Muti - Leia a descrição - (El Arte de la Dirección Musical)

Discurso oferecido pelo diretor italiano Riccardo Muti quando recebeu o prêmio de Músico do Ano 2010 da revista United States Musical America.

Senhoras e senhores, por favor recebam o "Músico do Ano" do "América Musical" - Riccardo Muti.
Muito obrigado por suas palavras maravilhosas. É muito difícil para mim dizer qualquer coisa, porque todos os que estavam antes estavam tão cheios de humor e falavam um inglês com sotaques diferentes, é claro.
Obrigado professor
Eu sou sempre gentil com os cantores ... é minha especialidade.
Mas ... Eu estava pensando, você sabe, hoje à noite, este prêmio recebido por artistas muito distintas e maravilhosas, e eu pensei, no compositor, que escreve a música... o Maestro falou sobre "fantasia" mas no final é concreto, porque as notas "existem" no papel, portanto, ele faz algo concreto.
Em seguida, um violinista fantástico, tocando oviolino, produz o som. Um cantor maravilhoso, produz o som cantando. Um pianista maravilhoso, que toca o teclado... Então, eu estava pensando: o que eu realmente faço?
Com o qual comecei a me sentir deprimido. Porque eu perdi toda a minha vida fazendo apenas... mas então, como eu disse a Peter Davis, uma frase me veio à mente.
Meu mestre, eu tive ótimos professores na Itália, grandes professores e meu professor de direção musical foi Antonino Votto. Ele foi o primeiro assistente de Toscanini, no '20 no La Scala. A Era de Ouro do La Scala, e você pode encontrar milhões de gravações com Callas, Tebaldi, etc.
E ele foi meu instrutor de regência em Milão, no Conservatório de Milão. E vindo da escola Toscanini ele era muito "básico". Indo ao ponto, então, quando lhe perguntei como fazer isso ou aquilo, ele sempre dizia: "Por que você se preocupa, se você não tem que tocar? Apenas faça isso, e algo acontecerá".
De fato, algumas semanas atrás, tive uma conversa com um policial. Não, não... "conversa", não "alguma outra coisa" e... nós estávamos falando sobre como a vida é difícil hoje, você sabe, a crise, isso, aquilo, e ele me disse: "Você sabe, eu ganho 1.200 euros por mês, tenho vários filhos, isso e aquilo". E eu disse: não se preocupe. Se você quer mudar sua vida, e eu quero ajudá-lo, você sabe, eu quero ajudá-lo porque você é um cara tão legal, venha para minha casa, e em três minutos eu mostrarei como reger a "Sinfonia Inconclusa" de Schubert.
Ele respondeu: "O que é isso?"
E eu disse a ele: não importa o que seja, não é importante, e você vai ganhar em uma única noite mais do que ganha em um ano.
Ele me perguntou: "Como é isso?"
Eu disse, você sabe, o primeiro movimento é a "entrada" que significa um, dois... não se esqueça de mover o braço para o lado direito, um, dois... três, isso é tudo. Você vai ver que, se você fizer isso, eles vão começar.
Continue assim, não pare, continue, continue... então, quando a orquestra parar, significa que o primeiro movimento acabou.
Então, nesse momento, o que você faz? Naquele momento, você sabe, o público, você sabe, às vezes ouvimos uma tosse delicada. Durante os intervalos, na "pausa", não.
Tudo acaba "pianíssimo", que foi o primeiro movimento ... Então você para. Neste momento, tente se mostrar muito inspirado, você sabe.
Não olhe para a orquestra porque você pode encontrar alguns olhos que estão olhando para você de uma maneira muito estranha. Então, olhe para o céu, e às vezes o público é muito afetado por isso, para ver que você está sonhando...
Então, quando você vê que os músicos estão prontos, porque os instrumentos foram colocados... você coloca suas mãos e faz exatamente, exatamente o que você fez antes. Não esqueça de fazer o segundo movimento do braço e esse será o segundo movimento da Sinfonia. Felizmente, existem apenas dois movimentos, quando eles param, você para. Então você se vira, recebe o aplauso, e então pega o cheque, e vê, isso é tudo o que ‘reger’ significa.
Mas também ... ao mesmo tempo, uma frase de Vittorio Gui. Vittorio Gui foi o famoso fundador do festival Maggio Musicale em Florença.
E ele me disse, quando tinha 90 e eu 27 anos: "Muti, que pena que estou tão perto da morte, só agora que eu estava aprendendo a reger".
Isso significa não apenas marcar os tempos, mas também tirar de dentro dos músicos, a música, os sentimentos, os sentimentos não as notas. As notas são a expressão concreta dos sentimentos. E isso é algo que faz direcionar a profissão mais difícil do mundo.
Porque nós temos uma ideia de que precisa ser expressa através dos braços, e então eu tenho que passar pelos instrumentos, que são tocados com os dedos ou boca dos músicos e depois ir para o público.
Portanto, é um longo caminho também. Definir os tempos é muito fácil, qualquer um pode fazê-lo. Qualquer um. Fazer música é muito, muito difícil. Agora, todo mundo está pensando: "Qual é a sua posição, em que parte está?" Eu acho que estou no meio da estrada. E tenho certeza de que nunca alcançarei o outro lado do rio, porque por trás das notas habita o infinito, que é Deus. E nós somos muito pequenos perante Deus.

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