Jejum! Qual o seu significado Espiritual? E qual seu papel na batalha espiritual? (Felipe Seabra)

O jejum é uma prática profundamente enraizada na tradição cristã, e sua importância transcende o simples ato de abster-se de alimentos. Em Mateus 4:2-4, vemos Jesus jejuar por 40 dias e 40 noites, enfrentando uma intensa batalha espiritual. Este período não foi apenas de privação física, mas um tempo de fortalecimento espiritual. A tentação que Jesus enfrentou foi constante e árdua, um verdadeiro campo de batalha onde o jejum desempenhou um papel crucial na preparação para enfrentar e vencer essas provações.

Para compreendermos o jejum, precisamos entender a relação de Jesus com a alimentação. Em João 4:31-34, Jesus esclarece que Sua "comida" é fazer a vontade de Deus. Este conceito vai além da mera nutrição física; é uma alimentação espiritual que sustenta e fortalece. Quando os discípulos insistem para que Ele coma, Jesus revela que Sua verdadeira nutrição vem do cumprimento da missão divina.

O jejum, portanto, é mais do que uma abstinência de alimentos; é um exercício de domínio sobre os desejos carnais, um meio de nos alinharmos com a vontade divina. Em Filipenses 3:18-19, Paulo alerta sobre aqueles cujo "deus é o estômago", pessoas guiadas pelos desejos terrenos e não pelos propósitos celestiais. Seguir esses desejos carnais nos afasta da cruz de Cristo e nos desvia do propósito de Deus.

A história de Esaú e Jacó ilustra de forma contundente as consequências de sucumbir aos desejos terrenos. Esaú, faminto após um dia de caça, troca sua primogenitura por um prato de lentilhas. Este ato impulsivo mostra como a incapacidade de controlar os desejos carnais pode levar à perda de bênçãos eternas.

O jejum é, portanto, uma ferramenta poderosa na luta contra esses desejos. Ele nos ajuda a focar no propósito divino, a resistir às tentações e a fortalecer nosso espírito. Negar a nós mesmos, como Jesus ensina em Mateus 16:24-26, é essencial para seguir verdadeiramente a Cristo. Quem deseja salvar sua vida, deve estar disposto a perdê-la por amor a Ele.

A experiência de Jesus no deserto prefigura Seu sofrimento na cruz. O Espírito Santo O levou ao deserto para ser tentado, assim como O guiou à cruz. Jesus poderia ter evitado a cruz, mas escolheu não fazê-lo, assim como no deserto Ele escolheu não transformar pedras em pão. A vitória de Jesus sobre a tentação no deserto foi um prelúdio da vitória na cruz.

Portanto, o jejum é uma prática que nos ensina a renunciar aos nossos desejos em favor de cumprir o propósito de Deus. Ele nos prepara para as batalhas espirituais, fortalece nosso espírito e nos alinha com a vontade divina. É um ato de profunda devoção e disciplina, essencial para todo cristão que deseja viver plenamente o chamado de Deus em sua vida.

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