HISTORICISMO DE DILTHEY: CRÍTICA DA RAZÃO HISTÓRICA E FUNDAMENTAÇÃO DAS CIÊNCIAS DO ESPÍRITO
HISTORICISMO DE DILTHEY: CRÍTICA DA RAZÃO HISTÓRICA E FUNDAMENTAÇÃO DAS CIÊNCIAS DO ESPÍRITO
REFERÊNCIA: Livro: Historia da Filosofia Volume 6 - Giovanni Reale Dario Antiseri
https://www.youtube.com/watch?v=RgYRSRHZw60
A obra de Wilhelm Dilthey (1833- 1911) representa uma articulada e tenaz tentativa de construção de "crítica da razão histórica". Em outros termos, a intenção de Dilthey é a de fundamentar a validade das ciências do espírito.
Dilthey sustentava que as ciências da natureza e as ciências do espírito se diferenciam, antes de mais nada, por seu objeto. O objeto das ciências da natureza é constituído pelos fenômenos externos ao homem, mas as ciências do espíri¬to estudam o mundo das relações entre os indivíduos, mundo do qual o homem tem consciência imediata.
A diferença dos objetos de estudo implica uma diferença gnosiológica: é a observação externa que nos dá os dados das ciências naturais, mas é a observa¬ção interna, isto é, o erlebnis ("experiência vivida"), que nos dá os dados das ciências do espírito.
E também são diferentes as categorias ou conceitos de que se servem as ciências do espírito: as categorias de significado, objeti¬vo, valor e assim por diante não pertencem às ciências da natureza, mas ao mundo humano, que tem seu centro no indivíduo e se configura - através das relações dos indivíduos - em sistemas de cultura e de organizações sociais que possuem existência histórica. Ou seja, a estrutura do mundo humano é uma estrutura histórica.
Nas obras "Idéias para uma psicologia descri¬tiva e analítica" (1894) e “Contribuições ao estudo da individualidade” (1895-1896), Dilthey enfrentou o pro¬blema da psicologia analítica (diferente da psicologia explicativa de tipo positivista), ele via a psicologia analítica como fundamento das outras ciências do espírito, e enfrentou também o problema da relação entre uniformidade e identificação histórica: as ciências do espírito estudam tanto as leis e a uniformidade dos fenômenos, ou seja, tendem a uma universalidade, mas também estudam os acontecimentos em sua singularidade, e o "tipo" tem a função de ligar esses dois opostos. Mais tarde vai surgir dois conceitos muito falados para distinguir esses dois estudos, o de explicação e compreensão.
Dilthey parece persuadido de que a experiência vivida não pode ser considerada como fundamento exclusivo das ciências do espí¬rito: a experiência interna (erlebinis) deve ser integrada com o verstehen (compreensão), tendo em vista a compreensão dos outros indivíduos.
A compreensão (o Verstehen) do objeto das ciências do espírito é dada pela observação interna dos fenômenos humanos, pela experiência vivida (Erlebnis). A corrente da vida ou expressão (Erleben) realiza-se em complexos de objetivações cujo significado é entendido graças ao esforço de compreensão. É o nexo entre Erleben, ("expressão") e Verstehen ("compreensão") que institui a pecu¬liaridade do mundo humano e fundamenta a autonomia das ciências do espírito. Esse nexo não pode ser encontrado na natureza nem nas ciências naturais. A vida, o Erleben, torna-se espírito objetivo, isto é, se objetiva em instituições (Estados; Igrejas; sistemas jurídicos; movimentos religiosos, filosóficos, literários e artísticos; sistemas éticos etc.). E a compreensão, na referência retrospectiva, dá origem às ciências do espírito, que têm como objeto "a realidade histórico-social do homem". Realidade que tem, de fato, um lado externo investigável pelas ciências na¬turais, mas cujo lado interno - o significado ou essência - só pode ser alcançado pelas ciências do espírito. E pode ser alcançado porque, através da compreensão - que é "um encontro do eu no tu" -, o homem pode compreender as obras e as instituições dos homens. Em suma, a compreensão é possível por¬que "a alma anda pelos caminhos habituais, nos quais já gozou e sofreu, sofreu e agiu em situações de vida semelhantes". Através de uma "transferência interior o homem pode reviver várias outras existências.
O homem é um ser histórico. E históricos são todos os seus produtos culturais, inclusive a filosofia incluindo a metafísica.
Uma função do filósofo consciente é a de dar vida a uma "filosofia da filosofia", entendida como exame crítico das possibi¬lidades e dos limites da filosofia. E é assim que a razão histórica se transforma em crítica "histórica" da razão. Não existem filosofias que valham sub specie aeternitatis.
EMAIL: cristiano.barroso@educacao.mg.gov.br
http://profilocri.blogspot.com.br/
Curriculum Lattes: http://lattes.cnpq.br/6359723688396030
Site: https://saberemfoco.webnode.com/
Canal: https://www.youtube.com/user/cpbbh/vi...
#ENEM
#ENEM2019
#DICASQUENTES
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REFERÊNCIA: Livro: Historia da Filosofia Volume 6 - Giovanni Reale Dario Antiseri
https://www.youtube.com/watch?v=RgYRSRHZw60
A obra de Wilhelm Dilthey (1833- 1911) representa uma articulada e tenaz tentativa de construção de "crítica da razão histórica". Em outros termos, a intenção de Dilthey é a de fundamentar a validade das ciências do espírito.
Dilthey sustentava que as ciências da natureza e as ciências do espírito se diferenciam, antes de mais nada, por seu objeto. O objeto das ciências da natureza é constituído pelos fenômenos externos ao homem, mas as ciências do espíri¬to estudam o mundo das relações entre os indivíduos, mundo do qual o homem tem consciência imediata.
A diferença dos objetos de estudo implica uma diferença gnosiológica: é a observação externa que nos dá os dados das ciências naturais, mas é a observa¬ção interna, isto é, o erlebnis ("experiência vivida"), que nos dá os dados das ciências do espírito.
E também são diferentes as categorias ou conceitos de que se servem as ciências do espírito: as categorias de significado, objeti¬vo, valor e assim por diante não pertencem às ciências da natureza, mas ao mundo humano, que tem seu centro no indivíduo e se configura - através das relações dos indivíduos - em sistemas de cultura e de organizações sociais que possuem existência histórica. Ou seja, a estrutura do mundo humano é uma estrutura histórica.
Nas obras "Idéias para uma psicologia descri¬tiva e analítica" (1894) e “Contribuições ao estudo da individualidade” (1895-1896), Dilthey enfrentou o pro¬blema da psicologia analítica (diferente da psicologia explicativa de tipo positivista), ele via a psicologia analítica como fundamento das outras ciências do espírito, e enfrentou também o problema da relação entre uniformidade e identificação histórica: as ciências do espírito estudam tanto as leis e a uniformidade dos fenômenos, ou seja, tendem a uma universalidade, mas também estudam os acontecimentos em sua singularidade, e o "tipo" tem a função de ligar esses dois opostos. Mais tarde vai surgir dois conceitos muito falados para distinguir esses dois estudos, o de explicação e compreensão.
Dilthey parece persuadido de que a experiência vivida não pode ser considerada como fundamento exclusivo das ciências do espí¬rito: a experiência interna (erlebinis) deve ser integrada com o verstehen (compreensão), tendo em vista a compreensão dos outros indivíduos.
A compreensão (o Verstehen) do objeto das ciências do espírito é dada pela observação interna dos fenômenos humanos, pela experiência vivida (Erlebnis). A corrente da vida ou expressão (Erleben) realiza-se em complexos de objetivações cujo significado é entendido graças ao esforço de compreensão. É o nexo entre Erleben, ("expressão") e Verstehen ("compreensão") que institui a pecu¬liaridade do mundo humano e fundamenta a autonomia das ciências do espírito. Esse nexo não pode ser encontrado na natureza nem nas ciências naturais. A vida, o Erleben, torna-se espírito objetivo, isto é, se objetiva em instituições (Estados; Igrejas; sistemas jurídicos; movimentos religiosos, filosóficos, literários e artísticos; sistemas éticos etc.). E a compreensão, na referência retrospectiva, dá origem às ciências do espírito, que têm como objeto "a realidade histórico-social do homem". Realidade que tem, de fato, um lado externo investigável pelas ciências na¬turais, mas cujo lado interno - o significado ou essência - só pode ser alcançado pelas ciências do espírito. E pode ser alcançado porque, através da compreensão - que é "um encontro do eu no tu" -, o homem pode compreender as obras e as instituições dos homens. Em suma, a compreensão é possível por¬que "a alma anda pelos caminhos habituais, nos quais já gozou e sofreu, sofreu e agiu em situações de vida semelhantes". Através de uma "transferência interior o homem pode reviver várias outras existências.
O homem é um ser histórico. E históricos são todos os seus produtos culturais, inclusive a filosofia incluindo a metafísica.
Uma função do filósofo consciente é a de dar vida a uma "filosofia da filosofia", entendida como exame crítico das possibi¬lidades e dos limites da filosofia. E é assim que a razão histórica se transforma em crítica "histórica" da razão. Não existem filosofias que valham sub specie aeternitatis.
EMAIL: cristiano.barroso@educacao.mg.gov.br
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Curriculum Lattes: http://lattes.cnpq.br/6359723688396030
Site: https://saberemfoco.webnode.com/
Canal: https://www.youtube.com/user/cpbbh/vi...
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