É lícito revelar o mal dos outros? - ESE-Cap X-Misericordiosos
ESE-Cap X-Misericordiosos
"O Evangelho Segundo o Espiritismo"
Allan Kardec
Tradução: Salvador Gentile
Capítulo X: "Bem-Aventurados aqueles que são Misericordiosos"
(.....)
19 - Ninguém sendo perfeito, segue-se que ninguém tem o direito de repreender o próximo?
Seguramente não, uma vez que cada um de vós deve trabalhar para o progresso de todos, e sobretudo daqueles cuja tutela vos está confiada; mas é uma razão de o fazer com moderação, com um fim útil, e não como se faz geralmente, pelo prazer de denegrir. Nesse último caso, a censura é uma maldade; no primeiro, é um dever que a caridade manda cumprir com todas as reservas possíveis; e ainda a censura que se lança sobre os outros, ao mesmo tempo, deve-se dirigi-la a si mesmo e se perguntar se não a terá merecido. (São Luís, Paris, 1860).
20 -- Será repreensível observar as imperfeições dos outros, quando disso não pode resultar nenhum proveito para eles, quando não sejam divulgadas?
Tudo depende da intenção;
certamente, não é proibido ver o mal quando o mal existe;
haveria mesmo inconveniente em não ver por toda parte senão o bem:
essa ilusão prejudicaria o progresso.
O erro está em fazer resultar essa observação em detrimento do próximo, depreciando-o sem necessidade na opinião pública.
Seria ainda repreensível de não fazê-lo senão para nisso comprazer-se com um sentimento de malevolência e de alegria em apanhar os outros em falta.
Ocorre de outro modo quando, lançando um véu sobre o mal, para o público, se se limita a observá-lo para dele fazer proveito pessoal, quer dizer, para estudá-lo e evitar o que se censura nos outros. Essa observação, aliás, não é útil ao moralista? Como ele pintaria os defeitos da Humanidade se não estudasse os modelos? (São Luís, Paris, 1860).
21 -- Há casos em que seja útil revelar o mal de outrem?
Essa questão é muito delicada, e é aqui que é preciso apelar para a caridade bem compreendida. Se as imperfeições de uma pessoa não prejudicam senão a ela mesma, não há jamais utilidade em fazer conhecê-las; mas se podem causar prejuízos a outros, é preciso preferir o interesse da maioria ao interesse de um só. Segundo as circunstâncias, desmascarar a hipocrisia e a mentira pode ser um dever, porque vale mais que um homem caia, do que vários se tornarem enganados ou suas vítimas. Em semelhante caso, é preciso pesar a soma das vantagens e dos inconvenientes. (São Luís, Paris, 1860).
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"O Evangelho Segundo o Espiritismo"
Allan Kardec
Tradução: Salvador Gentile
Capítulo X: "Bem-Aventurados aqueles que são Misericordiosos"
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19 - Ninguém sendo perfeito, segue-se que ninguém tem o direito de repreender o próximo?
Seguramente não, uma vez que cada um de vós deve trabalhar para o progresso de todos, e sobretudo daqueles cuja tutela vos está confiada; mas é uma razão de o fazer com moderação, com um fim útil, e não como se faz geralmente, pelo prazer de denegrir. Nesse último caso, a censura é uma maldade; no primeiro, é um dever que a caridade manda cumprir com todas as reservas possíveis; e ainda a censura que se lança sobre os outros, ao mesmo tempo, deve-se dirigi-la a si mesmo e se perguntar se não a terá merecido. (São Luís, Paris, 1860).
20 -- Será repreensível observar as imperfeições dos outros, quando disso não pode resultar nenhum proveito para eles, quando não sejam divulgadas?
Tudo depende da intenção;
certamente, não é proibido ver o mal quando o mal existe;
haveria mesmo inconveniente em não ver por toda parte senão o bem:
essa ilusão prejudicaria o progresso.
O erro está em fazer resultar essa observação em detrimento do próximo, depreciando-o sem necessidade na opinião pública.
Seria ainda repreensível de não fazê-lo senão para nisso comprazer-se com um sentimento de malevolência e de alegria em apanhar os outros em falta.
Ocorre de outro modo quando, lançando um véu sobre o mal, para o público, se se limita a observá-lo para dele fazer proveito pessoal, quer dizer, para estudá-lo e evitar o que se censura nos outros. Essa observação, aliás, não é útil ao moralista? Como ele pintaria os defeitos da Humanidade se não estudasse os modelos? (São Luís, Paris, 1860).
21 -- Há casos em que seja útil revelar o mal de outrem?
Essa questão é muito delicada, e é aqui que é preciso apelar para a caridade bem compreendida. Se as imperfeições de uma pessoa não prejudicam senão a ela mesma, não há jamais utilidade em fazer conhecê-las; mas se podem causar prejuízos a outros, é preciso preferir o interesse da maioria ao interesse de um só. Segundo as circunstâncias, desmascarar a hipocrisia e a mentira pode ser um dever, porque vale mais que um homem caia, do que vários se tornarem enganados ou suas vítimas. Em semelhante caso, é preciso pesar a soma das vantagens e dos inconvenientes. (São Luís, Paris, 1860).
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