ANAVITÓRIA, Rita Lee - Amarelo, azul e branco

Anavitória, duo formado por Ana Clara Caetano Costa e Vitória Fernandes Falcão, conquistou o Brasil em 2016 com o seu primeiro disco e se tornou um fenômeno da indústria musical.

Em 2021, o duo surpreendeu os fãs ao lançar de surpresa o intimista álbum COR.

Com 14 canções, quase todas compostas por Ana Clara, o projeto é inteiramente acompanhado por vídeos no formato visualizer que, diferente da narrativa dos videoclipes, funcionam apenas como imagens minimalistas em movimento.

A abertura fica por conta de Amarelo, Azul e Branco, faixa cujo significado faz uma verdadeira reverência ao Tocantins, terra natal das cantoras, e ainda conta com uma luxuosa participação de Rita Lee. Vem saber mais sobre a música!

Amarelo Azul e Branco: significado da música
Segundo Ana Clara Caetano, Amarelo, Azul e Branco começou a ser escrita por ela em fevereiro de 2020, a partir do refrão. Com a ideia em mãos, a cantora enviou os versos para Vitória Falcão pelo WhatsApp, perguntando se a parceira queria ajudá-la com a composição.

Em entrevista, ela contou que: A gente foi montando por ali e foi bem gostoso, eu lembro de mandar várias perguntas “Vi, quando você pensa sobre o Tocantins, sobre essa gente, o que vem na sua cabeça?”. E aí ela mandava coisas e essas coisas eu tentava colocar em versos.

A ideia era muito simples: falar sobre o Tocantins, lugar de origem da dupla, sobre o qual elas nunca haviam cantado antes em uma música.

Por esse motivo, a faixa foi batizada com as cores da bandeira do Estado, também citadas na letra:

"É que eu sou de um lugar
Onde o céu molha o chão
Céu e chão gruda no pé
Amarelo, azul e branco"

Falando sobre a canção, Ana Clara também disse que a ideia era fortalecer o nome do estado.

É o estado mais novo do país e muita gente não tem conhecimento e não sabe nem o lugar geográfico dele. Eu acho importante nós, que somos dessa terra, falarmos sobre ela. É também uma apropriação de quem a gente é e essa é a nossa maior busca: nos entender no mundo e sermos fiel com a nossa raiz e origem, declarou.

Localizado na região Norte do país, o Estado do Tocantins foi oficializado em 1988, após uma mobilização popular em torno de um projeto que existia há quase cem anos, exigindo a autonomia política do norte de Goiás.

Atualmente, o estado conta com 139 municípios. Dentre eles está Araguaína, cidade onde as cantoras foram criadas, localizada a quase 400 km da capital.

É desta região tão jovem, formada por um povo que há muitas gerações lutou por autonomia, que elas falam no trecho:

"Meu caminho é novo, mas meu povo não
Meu coração de fogo vem do coração do meu país
Meu caminho é novo, mas meu povo não
O norte é a minha seta, o meu eixo, a minha raiz
E quando eu canto cor
E quando eu grito cor
Quando eu espalho cor
Eu conto a minha história"

Considerada como uma música muito importante para a dupla, a faixa foi finalizada já nos últimos dias de estúdio e, para Ana Clara, ela é a coisa mais linda, acho muito forte.

Ela ainda explicou que a intenção da letra era mostrar as semelhanças entre as pessoas de todas as regiões do país:

Existia uma vontade de fazer um som que batesse no chão, que falasse da nossa casa (…) Queríamos que ela fosse exatamente essa força gigante, que é o que a gente sente, de ser do norte, de fazer música no Brasil que fala com vozes diferentes do que a mania segregadora de ver a coisa.

É daí que surgem os versos:

'Eu não sei
Não sei diferenciar você de mim
Não sei diferenciar'

Rita Lee recita Simone de Beauvoir
Fazendo uma participação mais que especial na música, a gigante Rita Lee topou recitar um texto da filósofa Simone de Beauvoir sobre a velhice, que ficou muito conhecido na internet em uma interpretação de Fernanda Montenegro.

'Ao meu passado
Eu devo o meu saber, e a minha ignorância
As minhas necessidades
As minhas relações,
A minha cultura e o meu corpo
Que espaço meu passado deixa pra minha liberdade hoje?
Não sou escrava dele'

Incluído na faixa após a composição ter sido finalizada, o trecho cai como uma luva ao fazer uma reflexão sobre a influência do passado no tempo presente. Afinal, Amarelo, Azul e Branco fala justamente sobre a importância das origens.

Em uma entrevista, Ana Clara comemorou a participação da cantora na música:

Sobre Rita, foi como o presente final pra abençoar o feito. A mudança de Amarelo, Azul e Branco com a inserção desse texto, foi uma das últimas coisas feitas no disco e não fazíamos ideia de que ela aceitaria. São sonhos realizados!

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