De Ampulheta de Estrelas - Os chiados de Lisboa

Os Chiados de Lisboa

‘Ora! Direis: Ouvir [poetas]!?’

Caminhar de ouvidos no Chiado,
nas palavras maviosas de Camões;
dividir com Pessoa esses sons,
do Ribeiro que me faz o mar salgado.
E Lisboa de poetas e letrados
se assume portentosa no seu dia.
Vou às tágides, que me fazem companhia,
à navegar, à navegar, à navegar.
Que eu morra de desejos de chegar
se não fossem essas vagas poesia.

Os sotaques que se ouvem pelas ruas
são sinônimos de chegar e de partir.
Tantas velas, nas ladeiras, a subir,
quantas deusas no poema ficam nuas.
Servem o prato; as poesias chegam cruas,
como o vento em labaredas veste um véu.
Estes versos que se falam déu em déu,
residências, dessas todas, as mais belas,
Caravelas! Caravelas! Caravelas!
vêm do mar e de amar estão no céu.

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