Onde Foram Parar Os Buracos Negros do Início do Universo? - Space Today TV Ep.729

Mais um capítulo na história dos buracos negros supermassivos está sendo escrito.

Nós já sabemos que quando os buracos negros supermassivos estão se alimentando de forma intensa, eles geram o que chamamos de núcleos ativos de galáxias, ou os AGNs.

Entre os AGNs, nós temos os quasars, os blazars, as galáxias Seyfert e as rádio galáxias. Estudar esses objetos significa que estamos estudando eventos que aconteceram no chamado universo primordial, e isso é de suma importância para podermos entender o processo de evolução das galáxias e do próprio universo.

O que acontece nos AGNs, é que quando a matéria está caindo de forma intensa em sua direção, ela é aquecida e produz grandes quantidades de radiação eletromagnética, incluindo emissões intensas de raios-X.

Esses raios-X por sua vez penetram o disco de acreção que envolve o buraco negro supermassivo, e com isso, instrumentos especializados como o Chandra, o XMM-Newton, o NuSTAR e outros podem registrar essas emissões e assim sabemos onde os buracos negros estão localizados.

Acredita-se que no universo primordial todo esse processo era algo comum, muitos AGNs crescendo, consumindo o gás e a poeira e brilhando intensamente nos raios-X.

Porém, quando o Chandra fez uma intensa busca por fontes de raios-X, no chamado Chandra Deep Field, algo similar ao que o Hubble fez, uma surpresa, não foi possível identificar muitos desses AGNs. E aí o que estava então acontecendo no universo primordial?

Para tentar responder a essa pergunta, um grupo de pesquisadores começou então a gerar modelos teóricos do crescimento de buracos negros supermassivos, de discos de acreção e dos processos que aconteciam no universo primordial, e testavam esses modelos contra os dados obtidos pelo Chandra.

Eles chegaram então a três conclusões importantes, para o que estaria limitando a detecção desses AGNs no universo primordial.

A primeira é o fato desses buracos negros supermassivos terem uma grande quantidade de gás ao seu redor obscurecendo a detecção, isso reduziria a detecção num fator de 2.

Uma segunda hipótese é o fato de se ter uma baixa ocupação de buracos negros supermassivos nesse período analisado.

E a terceira hipótese e até o momento a mais aceita e o fator considerado primordial para a não detecção de tantos AGNs assim, é o fato de que o seu crescimento não acontece de maneira de constante por um grande intervalo de tempo, muito pelo contrário, o que acontecem são eventos esporádicos de grande acreção de material, eventos esses que não duram muito tempo, para se ter uma ideia, num z=10 somente 3% dos buracos negros seriam identificados, já num z=7, esse intervalo corresponde a apenas 200 milhões de anos, 37% dos buracos negros seriam identificados.

Os pesquisadores agora precisam então estender a faixa de busca no céu por essas fontes de raios-X para então testar esse modelo que eles criaram.

E assim continuamos na saga que não para, como esses buracos negros supermassivos se formaram, qual a relação deles com suas galáxias, por que eles são tão intrigantes assim, cada dia descobrimos uma pequena peça nesse quebra-cabeça aparentemente infinito.

Fonte:

http://chandra.harvard.edu/photo/2017/cdfs2/

Artigo:

https://arxiv.org/pdf/1612.04188.pdf

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