PAPA JOÃO PAULO II - [09] EM MEMÓRIA DE UM COMPANHEIRO DE TRABALHO [DECLAMA PADRE FÁBIO DE MELO]

EDIÇÃO ESPECIAL DO CD "POEMAS DO PAPA JOÃO PAULO II POR PADRE FÁBIO DE MELO"
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POEMA 09 DE 15

9. EM MEMÓRIA DE UM COMPANHEIRO DE TRABALHO

Não estava só. Seus músculos se espalhavam numa imensa multidão até que levantavam o martelo, até que vibravam de energia - mas isto só durou até que ele sentiu a terra embaixo dos pés, até que a pedra não lhe abriu a fronte e não lhe entrou no coração. Levantaram o corpo. Avançaram em silêncio. Ainda emanava dele fadiga e um sentido de injustiça. Vestiam blusas cinzas, sapatos enlameados até o tornozelo. E daquele jeito revelavam o que teria de ter fim entre as pessoas. O tempo dele parou com violência. Nos quadrantes de baixa tensão os ponteiros, soltos improvisamente, desceram a zero. A pedra branca entrou nele, corroeu sua essência e o assimilou de tal forma que o transformou em pedra. Quem levantará aquela pedra? Quem disporá de novo os pensamentos naquela fronte rasgada – como se racha reboco de muro? Deitaram-no sobre um lençol de cascalho. Chegou a esposa desesperada. A criança voltou da escola. É só isso? Só a sua raiva passará aos outros? Não amadurecia nele talvez com verdade e amor? Gerações futuras devem talvez desfrutá-lo como bruta matéria, despojando-o da sua essência mais íntima e única? As pedras se movem de novo. A carreta desaparece entre as flores. De novo uma descarga elétrica cai sobre a pedreira. Mas o homem trouxe com ele a estrutura secreta do mundo onde o amor prorrompe mais alto se mais o embebe a raiva.

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