SOLE - SERRALVES ONLINE EXPERIENCE | 1 MINUTO PARA MUITAS IMAGENS | EP 4

A OBRA DE MANOEL DE OLIVEIRA É RICA EM FORMAS DE REPRESENTAÇÃO DO PRÓPRIO CINEMA.Talvez a mais surpreendente dessas formas de autorreferencialidade se encontre no momento, em BELLE TOUJOURS (2006), em que Oliveira trabalha o movimento de câmara como simulação dos mecanismos do pré-cinema, nomeadamente o zoopraxiscópio. No ensaio vídeo que aqui se partilha, faz-se um paralelo entre os sistemas giratórios (as portas rotativas do hotel Regina em BELLE TOUJOURS e as luzes de farol, primeira e última imagem de DOURO, FAINA FLUVIAL e última imagem de PORTO DA MINHA INFÂNCIA) e a sequência da estátua de Joana d’Arc, também em BELLE TOUJOURS, que sendo filmada num ‘travelling’ lateral, sucessivamente interrompido por uma série de colunas, remete para o referido brinquedo vitoriano que, com uma sucessão de imagens, outras tantas ranhuras e um movimento giratório, criava o efeito de movimento. Deste modo, Oliveira não só remete para os primórdios da imagem em movimento, como alude à obra canónica do cinema mudo (LA PASSION DE JEANNE D’ARC [1927] de Carl Th. Dreyer), tudo dentro de um filme que é, de partida, uma provocação cinéfila: a continuação da obra-prima de Luis Buñuel, BELLE DE JOUR (1967).
Filmes de Manoel de Oliveira presentes no vídeo, por ordem de aparição:
Rencontre unique (2007)
Douro, Faina Fluvial (1931)
Acto da Primavera (1963)
Belle toujours (2006)
Porto da Minha Infância (2001)

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